3° capitulo : Escravo+ Cana = BRASIL


Os Escravos e Cana e andavam juntos, em simbiose, pois sem um não existira o outro.


Por volta do ano 1000, os índios tapuias que habitavam a região do atual município de Salvador foram expulsos para o interior do continente por povos tupis procedentes da Amazônia. No século XVI, quando chegaram os primeiros europeus à região, a mesma era habitada por um desses povos tupis, os tupinambás, que habitavam desde a margem direita do Rio São Francisco até o Recôncavo Baiano.
As diversas tribos que compunham a nação tupinambá lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança que resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para serem devorados em rituais antropofágicos
Em 1510, perto do bairro de Rio Vermelho, ocorreu o naufrágio do um navio francês onde estava Diogo Álvares, Fidalgo da Casa Real, que ao matar uma ave com um tiro de mosquete recebeu por parte dos índios a alcunha de Caramuru, ou seja, “filho do trovão”, que foi bem acolhido pelos Tupinambás, e casou com Paraguaçu, filha do Cacique Taparica.
Paraguaçu se batizou e virou Catarina do Brasil, ou Catarina Álvares Paraguaçu.
“ O primeiro homem europeu a desembarcar no Morro de São Paulo, na Ilha de Tinharé (Tynharéa) foi Martim Afonso de Sousa, em 1531”.
“ À Ilha de Tinharé devido à sua localização geográfica privilegiada, foi cenário de inúmeros ataques de esquadras francesas e holandesas, verdadeira zona franca de corsários e piratarias durante o período colonial”.
“Em 1534, Francisco Pereira Coutinho fundou o Arraial do Pereira nas imediações onde hoje se situa a Ladeira da Barra, e construindo as “casas para cem moradores” que, doze anos depois ainda seriam encontradas por Tomé de Sousa na época da fundação da cidade, chamada de Vila Velha, referida nas cartas dos jesuítas e nos documentos do primeiro governador-geral”.
“Por causa dos constantes ataques dos índios aymorés e tupiniquins à população continental da região favoreceram a rápida povoação das ilhas, e em 1535 nascia no norte da ilha a vila Morro de São Paulo”.
“Morro de São Paulo protegia a chamada "barra falsa da Baía de Todos os Santos", entrada estratégica para o Canal de Itaparica até o Forte de Santo Antônio (atual Farol da Barra), e o canal de Tinharé era essencial no escoamento da produção dos principais centros para o abastecimento da capital, Salvador”.
“Em 29 de março de 1549, uma frota de colonos portugueses chegou, pela Ponta do Padrão, chefiada por Tomé de Sousa e comitiva, em seis embarcações: três naus, duas caravelas e um bergantim, com ordens do Rei de Portugal de fundar uma cidade-fortaleza chamada "do São Salvador"”.
“Nasceu, assim, a cidade de Salvador, já cidade, já capital, sem nunca ter sido província, e foi por muitos anos a maior cidade das Américas e rapidamente se tornou o principal e importante centro da indústria de açúcar e do comércio de escravos”.
Foi durante os séculos XVII e XIX que a maioria dos judeus migraram para a Bahia, onde organizaram suas bancas de negócios.
“Salvador foi, no entanto, principalmente influenciada pelo catolicismo, se tornando a primeira sede do bispado católico do Brasil em 1552”.
“Duarte da Costa foi o segundo governador-geral do Brasil, chegou a 13 de julho de 1553, trazendo 260 pessoas, entre elas seu filho Álvaro, jesuítas como José de Anchieta, e dezenas de órfãs para servirem de esposas para os colonos. Mem de Sá, foi terceiro governador-geral, que governou até 1572, também contribuiu com uma grande administração.
“ Em 1572, o governo colonial dividiu o país em dois governos: um em Salvador, e o outro no Rio de Janeiro”.
“Esta situação se manteve até 1581, quando a capital do Brasil passou a ser novamente apenas Salvador”.
“Salvador foi a primeira capital do Brasil e assim permaneceu até 1763 quando a capital foi transferida para o Rio de Janeiro pelo Marquês de Pombal”.
“Em Salvador concentrou-se uma grande população de europeus, índios, negros e mestiços - em decorrência da economia, centrada no comércio com engenhos de açúcar instalados no vasto Recôncavo”.
“O açúcar, no século XVII, já era o produto mais exportado pela colônia. No final deste século, a Bahia se torna a maior província exportadora de açúcar”.
“ Para o desenvolvimento das plantações de cana era necessária mão de obra barata para um trabalho pesado e desumano, foi esse um dos fatores para o crescimento do tráfico de escravos oriundos da África”.
Cana e Escravos andavam juntos, em simbiose.
Entradas.
“O espaço para o desenvolvimento da cana foi conquistado pelo movimento das “Entradas”, expedições essas que tinham a finalidade de expandir o território, eram financiadas pelos cofres públicos e com o apoio do governo colonial em nome da Coroa de Portugal”.
As “Entradas” saiam de Salvador, Ilhéus e Porto Seguro em direção ao interior do que hoje é o Estado da Bahia.
A Defesa da Bahia
O Forte de São Marcelo, também conhecido como Forte do Mar, e que já foi também designado Forte de Nossa Senhora do Pópulo*, em Salvador, terminado em 1623, no Governo-Geral de D. Diogo de Mendonça Furtado, Governador-geral do Brasil de 1621 até 1624.
•        O Forte de São Marcelo, também conhecido como Forte do Mar, que já foi também designado Forte de Nossa Senhora do Pópulo, localiza-se em Salvador, 
capital do estado brasileiro da Bahia.
 Na Ilha de Tinharé em:

1630 - Iniciada a construção da Fortaleza de Morro de São Paulo por ordem do Governador Geral Diogo Luiz de Oliveira.
1728 - Terminada a construção do Forte da Ponta. Tropas lusitanas derrotam o almirante francês Nicolas Durand de Villegagnon.
1746 - Construção da Fonte Grande, o maior sistema de abastecimento de água da Bahia colonial.
Recôncavo Baiano
“O Recôncavo baiano é a região geográfica localizada em torno da Baía de Todos-os-Santos, abrangendo não só o litoral, mas também toda a região do interior circundante à Baía”.
“Recôncavo, na acepção de "extensa e fértil região da Bahia” com solos localmente denominados massapês, é o massapê é ótimo para o plantio da Cana”.
Vários colonos estabeleceram no Recôncavo Baiano suas plantações de cana, seus engenhos, suas Casa- Grandes, e a Bahia como um todo prosperou.
“O Recôncavo baiano é uma região de enorme influência africana, já que para ali foram trazidos milhares de escravos, sobretudo para trabalharem na produção de cana de açúcar”.
Mais uma vez a Cana e Escravos andavam juntos, em simbiose.
Nas palavras de Gilberto Freyre:
O Massapê (...) tem profundidade. É terra doce sem deixar de ser terra firme: o bastante para que nela se construa com solidez engenho, casa e capela. Nessas manchas de terra pegajenta foi possível fundar-se a civilização moderna mais cheia de qualidades, de permanência e ao mesmo tempo de plasticidade que já se fundou nos trópicos. A riqueza do solo era profunda: as gerações de senhores de engenho podiam suceder-se no mesmo engenho; fortalecer-se; criar raízes em casas de pedra-e-cal; não era preciso o nomadismo agrário que se praticou noutras terras, onde o solo era menos fértil, esgotado logo pela monocultura, fez do agricultor quase sempre um cigano à procura de terra virgem. Um dom-juan de terras. (...) A qualidade do solo, completada pela da atmosfera, condicionou, como talvez nenhum outro elemento, essa especialização regional da colonização da América pelos portugueses que foi a colonização baseada na cana-de-açúcar (...) A verdade é que foi no extremo Nordeste - por extremo Nordeste deve entender-se o trecho da região agrária do Norte que vai de Sergipe ao Ceará - e no Recôncavo Baiano - nas suas melhores terras de barro e húmus - que primeiro se fixaram e tomaram fisionomia brasileira os traços, os valores, as tradições portuguesas que junto com as africanas e as indígenas constituiriam aquele Brasil profundo, que hoje se sente ser o mais brasileiro. O mais brasileiro pelo seu tipo de aristocrata, hoje em decadência, e principalmente pelo seu tipo de homem do povo, já próximo, talvez, de relativa estabilidade. Um homem do povo [...] feito de três sangues, em outras terras tão inimigas - o do branco, o do índio e o do negro. Um negro adaptado como nenhum à lavoura do açúcar e ao clima tropical. Um português também disposto à sedentariedade da agricultura. Um índio que ficou aqui mais no ventre e nos peitos da cabocla gorda e amorosa do que nas mãos e nos pés do homem arisco e inquieto".

E os Escravos e a cana andavam juntos, em simbiose, pois sem um não existira o outro.



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