14° capítulo O Casamento



A notícia do casamento de Sinhô Manuel e a Princesa Bernarda correu como rastilho de pólvora por todo Engenho do Graveto, e houve regozijo geral
Da senzala veio um cântico de alegria, de júbilo, de prazer.
A Princesa Bernarda pediu como presente de casamento a liberação dos seis homens fortes da guarda de seu pai, o Soba Grande, que estavam entre os escravos que seriam vendidos.
Manuel concedeu.
Chamou ao Nego Bento, um escravo superinteligente que foi auxiliar e aprendeu a ciência dos guarda-livros com Mateus, que fizesse as contas do valor de Bernarda e dos seus, e a transferisse de sua parte para a conta da "WIC".
Ele não queria lesar ninguém, e o que era justo, era justo.
Para a "WIC" eles eram ‘peças’, tinha custado dinheiro, portanto o certo era ele pagar já que ficou com eles, pois o certo é o certo, assim pensava Manuel.
Cinco dos moços vieram até a Casa Grande, um estava de quarentena na meia-água da Praia da Jachinta, e receberam da Princesa a notícia de que eles seriam alforriados e entregues a Pai Expedito para aprenderem o português, e depois a Pernambuco para serem treinados nas armas, e com isso serem agregados aos jagunços que faziam a segurança geral do Engenho, de Manuel, e agora de sua família.
Contudo, para o batizado e casamento eles estavam convocados para guarda de honra da Princesa.
E... Aconteceu um batismo em massa de escravos e empregados.
Os padrinhos de todos foram São José e Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos marujos portugueses.
O da Princesa Bernarda Siara dos Bakongo de Manuel Leite de Cucujães foi o primeiro, assistido por todos os moradores do Engenho do Graveto.
As moças foram batizadas como Branca Leite e Cândida Leite, e Baruti e Danladi, como Filipe Leite  e Bartolomeu Leite,  nomes escolhidos pelo padre Enéas.
No dia seguinte aconteceram os casamentos.
Bernarda, tendo ao lado direito Pai Expedito, do lado esquerdo Vó Rita.
Atrás deles Branca e Cândida.
Ladeados pelos quatro homens fortes da guarda do Soba Grande do povo Bakongo, sendo que o quinto homem, o mais alto e mais forte dos seis, fechava o cortejo da Princesa.
No altar, erguido em frente à igreja em construção, já estavam os três noivos.
Um emocionado padre Enéas Jácome realizou a cerimônia, que teve um sermão traduzido por Vó Rita para quimbundo.
Fim da cerimônia, rolou um banquetaço, e as festas duram três dias.
Manuel e Bernarda se retiraram logo depois dos brindes de felicidades para o quarto, e só saíram 1 semana depois.
E aqui tem um detalhe importante:
Muita gente pensa que para se ter um bom sexo se faz necessária uma conversação chula, tipo “tá doendo? bota, tira, mete mais, delicia, gostoso, gostosa, vadia, meu macho, vai, vai, vai”, e coisas desse gêneros ligadas a mente fetichista do participante e não é assim
O ato sexual tem que dar prazer carnal.
A cópula é ligação entre dois corpos, portanto tem que dar prazer carnal.
A famosa fornicação bíblica, “relação sexual entre pessoas que não são casadas ou não possuem um relacionamento estável tipo casamento”, ou seja, casual, mas que pode ser repetida por vontade desses parceiros, portanto tem que dar prazer carnal.
A falação muitas vezes amortece os desejos e aí vem o fiasco, o celebre “nunca aconteceu isso comigo”, e com ela a frustração e outros problemas psíquicos – a mulher se sente fria e o homem impotente.
Sexo é coisa séria.
Sexo não é um ato leviano, não é leviandade como a maioria da Humanidade pensa.
Sexo não é para ser levado na brincadeira, ou simplesmente no deboche.
A sabedoria comum revela que “o silêncio é de ouro e muitas vezes é resposta”, logo o silêncio no ato sexual é a resposta para quando, e quanto, um está dando ao outro o verdadeiro prazer.
Mas, isso não quer dizer que eles – os parceiros – devem se comportar nas preliminares e mesmo na cama como uma múmia paralitica, porque existem gemidos impossíveis de serem controlados.
E assim Manuel não precisou falar nada com a Princesa, além de certos gemidos impossíveis de serem controlados.
Nem tão poucos os assanhados que copularam livremente pelo mato.
Nove meses depois a população na senzala duplicou, teve até gêmeas e gêmeos!!!

E VIVA O CLIMA QUENTE DA BAHIA.

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