9° capítulo O Retorno Triunfante


“Esse é o mestre Bernardo. É ele que cuida de todas as obras do Bispado da Bahia. Um homem de minha total confiança”.
Saudações foram trocadas.
Manuel e Mateus estavam descansando e foram chamados.
Novas apresentações, novas saudações.
“Sei que os senhores querem construir na Sesmaria recém adquirida”.
“Uma Casa Grande, capela, senzala, deposito, moinho para tirar agua do solo, tanque de recolhimento das águas das chuvas para o consumo. Tudo, mais tudo, enfim para torna-la habitável. Querem construir tudo de novo, se entendi, é isso mesmo?”
“Sim é isso”, respondeu Manuel.
“Ponha preço”, falou Mateus.
“Bem, vamos lá”.
Conversa vai, conversa vem, regatei daqui, regatei de lá, sempre com Mateus, e os dois acabaram chegando a um preço que foi aceito por Manuel.
“Bem vamos começar os preparativos”, falou o mestre Bernardo.
“Tenho os meus homens e os meus escravos para o trabalho, mas vamos precisar de mais homens para o trabalho”.
“Eu me encarrego de contata-los”, falou para surpresa de todos o Irmão Eustáquio.
“Nós, Marcos e eu, o ajudamos na escolha”, falou João.
“Eu o acompanho nas demais compras”, falou Mateus.
“Tomo conta do deposito”, afirmou Lucas.
“Eu acompanho mestre Bernardo”, falou Manuel meio sem saber o que poderia fazer.
“Muito bem senhor Manuel, me acompanhe” falou com simpatia mestre Bernardo, pois na verdade desde o primeiro momento que se conheceram nasceu uma forte amizade entre os dois que durará por toda a vida.
Em três semanas tudo estava pronto para o regresso as terras de Manuel.
Na realidade a caravana parecia um circo em deslocamento. 
Duas centenas de homens em movimento saíram da cidade pela freguesia de Santo Antônio Além do Carmo ante um povo curioso e espantado, pois eles nunca tinham visto tamanho cortejo fora das procissões promovidas pela Igreja em dia de festa de Santo católico.
Na frente iam Manuel, Bernardo, Mateus, Lucas, Marcos e João, montados em belos cavalos.
A seguir, todos montados ou em seus próprios cavalos, ou em mulas, ou em burros, e de acordo com uma hierarquia profissional:
1-  os mestres especializados e seus ajudantes;
2- os profissionais diversos e ajudantes;
3-  os capatazes e os auxiliares;
4- os condutores e suas várias carroças com materiais recém adquiridos, inclusive barracas para acamparem no caminho;
5- a grande carroça cozinha acompanhada pelos cozinheiros e seus auxiliares montados em burros;
6- os tratadores com os cavalos, as mulas, os jegues;
7- os porqueiros com seus porcos;
8- os pastores com seu rebanho de cabras;
9- os escravos iam a pé e cercados pelos feitores;
10-a cachorrada que sempre acompanha estas movimentações.
Logo depois que saíram da cidade, ouviu-se um forte tropel.
Era um destacamento das Tropas da Santa Madre Igreja, enviado por Monsenhor Martim de Sousa, para proteger a caravana do senhor Manuel Leite de Cucujães dos índios, de qualquer assalto, brigas, e outras coisinhas mais que poderiam surgir no caminho para suas terras.
João não se conteve e caiu na gargalhada.
E lá foram eles protegidos pelos Soldados da Igreja.
Andaram, acamparam, comeram, até que chegaram a Parada de Tropeiro do amigo José.
Os seis apearam no pátio, e o resto da caravana acampou em derredor, num pasto que havia por trás da ampla construção da pousada.
Foi uma alegria.
Lavaram-se.
Colocaram os assuntos em dia.
Jantaram e dormiram o sono dos justos.
Os cavalos foram cuidados.
Dessa vez pagaram as despesas a Jose, que não reclamou.
E continuaram até a encruzilha e o cruzeiro, mas não encontraram o Velho Cristóvão.
E depois disso só pararam para dormir mais duas vezes até chegarem as Terras de Manuel Leite de Cucujães.




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